A Humanidade de Lara Croft | PARTE IV: Ascensão e trevas
Guia da série: Parte I - Parte II - Parte III - Parte IV - Parte V - Parte VI - Parte VII - Parte VIII - Parte IX - Parte X
Trilogia de livros canônicos
A mochila de Lara estava lá, em meio aos destroços, mas não o seu corpo. Ela estava viva.
A história que explica como Lara sobreviveu ao acidente no Egito é narrada no livro Tomb Raider: The Amulet of Power. O livro é uma sequência direta de Tomb Raider The Last Revelation, e termina momentos antes de Tomb Raider the angel of darkness — sexto jogo da franquia. Há ainda mais dois livros que sucedem a história de the angel of darkness. Juntos, as três obras completam a trilogia de livros canônicos da Lara Croft clássica.
Para o deleite dos fãs brasileiros, esses livros foram gentilmente traduzidos para o português pelo fã Gladston Henrique (Instagram: @onecroft). Para baixar essas obras, acesse este link.
Ler os livros canônicos é uma experiência incrível, pois possui a vantagem intrínseca de toda obra literária: a possibilidade de descrever sentimentos e sensações com precisão. Se as limitações tecnológicas dos jogos clássicos dificultavam a manifestação de sentimentos de Lara, nos livros acontece o oposto: esses sentimentos são descritos e esmiuçados através de ótimas narrativas — muito bem traduzidas, inclusive. As nuances de personalidade de Lara são exploradas como nunca.
Nos livros, há algumas confirmações sobre aspectos da personalidade de Lara que já presumíamos dos jogos, como, por exemplo, o fato de que a arqueóloga se sente bem com sua roupas, e, mesmo estando em países cujas leis restringem a liberdade de vestimenta feminina, ela usa shorts ou o que der na telha, e ai de que ousar ditar-lhe regras. O prazer de Lara em manusear suas pistolas duplas também é explorado.
Preciso me conter para não dar spoilers sobre as histórias, não quero estragar a experiência do leitor. Mas já adianto que, no primeiro livro, Lara vivenciou momentos traumatizantes até para os seus padrões, que explicam a maneira bastante sombria em que reaparece em Tomb Raider the angel of darkness. Ficou curioso? Baixe os livros e agradeça ao tradutor Gladston Henrique.
Tomb Raider: the angel of darkness (2003)
O primeiro Tomb Raider da sexta geração dos videogames já começa com assassinato e perseguição policial.
Lara foge da polícia por ser acusada de assassinar Werner Von Croy. A arqueóloga têm momentos intensos de fuga pela cidade de Paris, e dessa vez a tecnologia permitia expressões faciais bastante elaboradas — pelo menos para os padrões tecnológicos da época; para o leitor ter uma ideia, era surpreendente até mesmo que Lara tivesse dedos.
Existem muitos diálogos durante a história, muitos deles com a possibilidade de decidir as falas de Lara Croft. Dependendo do que o jogador escolher, Lara pode se comportar de maneira mais amável ou mais fria, até grossa às vezes.
Trilogia de livros canônicos
A mochila de Lara estava lá, em meio aos destroços, mas não o seu corpo. Ela estava viva.
A história que explica como Lara sobreviveu ao acidente no Egito é narrada no livro Tomb Raider: The Amulet of Power. O livro é uma sequência direta de Tomb Raider The Last Revelation, e termina momentos antes de Tomb Raider the angel of darkness — sexto jogo da franquia. Há ainda mais dois livros que sucedem a história de the angel of darkness. Juntos, as três obras completam a trilogia de livros canônicos da Lara Croft clássica.
A ordem cronológica dos acontecimentos é: The Last Revelation (jogo), The Amulet of Power (livro), The angel of darkness (jogo), The Lost Cult (livro) e The Man of Bronze (livro) |
Ler os livros canônicos é uma experiência incrível, pois possui a vantagem intrínseca de toda obra literária: a possibilidade de descrever sentimentos e sensações com precisão. Se as limitações tecnológicas dos jogos clássicos dificultavam a manifestação de sentimentos de Lara, nos livros acontece o oposto: esses sentimentos são descritos e esmiuçados através de ótimas narrativas — muito bem traduzidas, inclusive. As nuances de personalidade de Lara são exploradas como nunca.
Nos livros, há algumas confirmações sobre aspectos da personalidade de Lara que já presumíamos dos jogos, como, por exemplo, o fato de que a arqueóloga se sente bem com sua roupas, e, mesmo estando em países cujas leis restringem a liberdade de vestimenta feminina, ela usa shorts ou o que der na telha, e ai de que ousar ditar-lhe regras. O prazer de Lara em manusear suas pistolas duplas também é explorado.
Preciso me conter para não dar spoilers sobre as histórias, não quero estragar a experiência do leitor. Mas já adianto que, no primeiro livro, Lara vivenciou momentos traumatizantes até para os seus padrões, que explicam a maneira bastante sombria em que reaparece em Tomb Raider the angel of darkness. Ficou curioso? Baixe os livros e agradeça ao tradutor Gladston Henrique.
Tomb Raider: the angel of darkness (2003)
Você sabia? Esse jogo possui uma versão para PC dublada por fãs.
Lara foge da polícia por ser acusada de assassinar Werner Von Croy. A arqueóloga têm momentos intensos de fuga pela cidade de Paris, e dessa vez a tecnologia permitia expressões faciais bastante elaboradas — pelo menos para os padrões tecnológicos da época; para o leitor ter uma ideia, era surpreendente até mesmo que Lara tivesse dedos.
Existem muitos diálogos durante a história, muitos deles com a possibilidade de decidir as falas de Lara Croft. Dependendo do que o jogador escolher, Lara pode se comportar de maneira mais amável ou mais fria, até grossa às vezes.
Lara conversa com Mademoiselle Carvier, acerca do assassinato que ocorrera. O clima da conversa é de tensão e lamento pela morte de Von Croy. |
Tomb Raider: the angel of darkness é um jogo emocionalmente intenso e cheio de camadas. Num contexto de fuga por becos parisienses, a destemida Lady Croft não tinha acesso aos seus luxos de aristocrata, pelo que precisou constantemente trocar favores com desconhecidos por recursos e informações. Lara estava perdida, nem mesmo sabia quem tinha matado seu amigo. Durante o jogo, ela parecia estressada e, às vezes, frustrada. Os momentos tensos aliados a uma incrível trilha sonora trouxeram-lhe um enredo bastante dramático, com alguns momentos de pressão psicológica.
"Não me enrole, Bouchard. Perdi meu amigo ontem!" - Lara Croft para Louis Bouchard, chefão de uma máfia de Paris, que lhe forneceu trajes e armamentos adequados. |
Evidentemente, nossa anti-heroína passou por muitos perrengues:
Em um momento da história, Lara finalmente conseguiu o que queria: uma pintura obscura escondida nas profundezas de um sítio arqueológico do Museu de Louvre. Parecia que, finalmente, tinha começado a assumir o controle da situação, mas seu passeio pelo museu não terminou como ela esperava: Lara foi rendida, desarmada e assaltadae feita de idiota, não por uma equipe de soldados, mas por apenas um único homem. Da próxima vez, seja mais esperta, Lady Croft.
Lara correu atrás dele, mas terminou levando um baita soco, que a deixou inconsciente. Vale a pena conferir a emocionante cinemática:
Como se não bastassem bandidos tramando sua morte, Lara foi traída por Bouchard, que contratou um assassino para fazer o serviço. Furiosa, ela escapou da armadilha e foi atrás do paradeiro do mafioso. Encontrou-o na cidade de Praga, disposta a matá-lo, mas não sem antes interrogá-lo.
Bouchard lhe deu todas as informações que tinha, e contou que agira sob pressão, pois um psicopata chamado Eckhardt ordenara que a matasse em troca de poupar a vida de seus homens e de sua família. Após receber todas as informações que precisava, Lara se compadeceu dele e desistiu de matá-lo.
O homem mencionado por Bouchard era de fato um psicopata da pior espécie. Lara chegou a presenciar dois momentos em que o desgraçado torturava e matava pessoas, e as reações da arqueóloga eram de espanto. Houve um momento em que Croft desviou o olhar, pois não tinha estômago para presenciar a cena. Comparada a Eckhardt, a fria e sanguinária Lara Croft era um exemplo de ser humano.
Em um momento da história, Lara finalmente conseguiu o que queria: uma pintura obscura escondida nas profundezas de um sítio arqueológico do Museu de Louvre. Parecia que, finalmente, tinha começado a assumir o controle da situação, mas seu passeio pelo museu não terminou como ela esperava: Lara foi rendida, desarmada e assaltada
Lara correu atrás dele, mas terminou levando um baita soco, que a deixou inconsciente. Vale a pena conferir a emocionante cinemática:
Como se não bastassem bandidos tramando sua morte, Lara foi traída por Bouchard, que contratou um assassino para fazer o serviço. Furiosa, ela escapou da armadilha e foi atrás do paradeiro do mafioso. Encontrou-o na cidade de Praga, disposta a matá-lo, mas não sem antes interrogá-lo.
Bouchard lhe deu todas as informações que tinha, e contou que agira sob pressão, pois um psicopata chamado Eckhardt ordenara que a matasse em troca de poupar a vida de seus homens e de sua família. Após receber todas as informações que precisava, Lara se compadeceu dele e desistiu de matá-lo.
O homem mencionado por Bouchard era de fato um psicopata da pior espécie. Lara chegou a presenciar dois momentos em que o desgraçado torturava e matava pessoas, e as reações da arqueóloga eram de espanto. Houve um momento em que Croft desviou o olhar, pois não tinha estômago para presenciar a cena. Comparada a Eckhardt, a fria e sanguinária Lara Croft era um exemplo de ser humano.
Usando poderes sobre-humanos, Eckhardt matou o pobre jornalista com quem Lara tinha conversado momentos antes. |
O enredo de angel of darkness contou com a presença de Kurtis Trent, que se tornou aliado de Lara, e por quem ela demonstrou preocupação e afeto no último arco de sua aventura.
A ajuda de Kurtis foi essencial para Croft. Ele se colocou em risco por ela, e o enredo deixou uma expectativa de que os dois fossem ter um romance no futuro.
Sem nenhuma sombra de dúvidas, Tomb Raider the angel of darkness foi uma obra de arte intensa, emocionante e dramática, que trouxe à Lady Croft momentos de tensão, empatia e até mesmo impotência. A trilha sonora cumpriu um papel importante na construção do suspense, e reforçou os sentimentos da protagonista.
A ajuda de Kurtis foi essencial para Croft. Ele se colocou em risco por ela, e o enredo deixou uma expectativa de que os dois fossem ter um romance no futuro.
Sem nenhuma sombra de dúvidas, Tomb Raider the angel of darkness foi uma obra de arte intensa, emocionante e dramática, que trouxe à Lady Croft momentos de tensão, empatia e até mesmo impotência. A trilha sonora cumpriu um papel importante na construção do suspense, e reforçou os sentimentos da protagonista.
Ao final do jogo, o principal adversário de Lara ofereceu uma aliança com ela, que demonstrou surpresa e perplexidade. |
Nesse momento, devo lembrar ao leitor o discurso que é a motivação desta série de textos: a não tão rara declaração de que a Lara clássica era uma mulher imbatível, impassível de sentimentos e totalmente ávida a matar qualquer um que cruzasse seu caminho. Bem, isso soa como piada agora, não é mesmo? Embora Lara tenha sido construída como uma personagem sarcástica, habilidosa e capaz de matar a sangue frio, suas emoções, conflitos e limitações eram evidentes nos jogos, e constituíam aspecto importante da narrativa.
Lara ao final de sua aventura, exausta. |
Curiosidade: Em Tomb Raider: the angel of darkness, a evolução tecnológica permitiu acrescentar animações mais elaboradas para a protagonista. Uma delas é a animação de "quase errar" o pulo. Se o jogador conseguisse acertar a plataforma após um pulo de Lara, a personagem frequentemente tinha dificuldades de se agarrar com as mãos. Semelhantemente ao caso de Tomb Raider The Last Revelation, os avanços tecnológicos permitiram acrescentar "defeitos" aos movimentos de Lara para reforçar suas limitações físicas. Outra novidade do jogo é a barra de estamina, que limita o tempo em que os braços de Lara conseguem aguentar o peso do seu próprio corpo.
Ocasionalmente, as mãos de Lara deslizavam ao se agarrarem em alguma plataforma. |
Tomb Raider the angel of darkness foi o último jogo da desenvolvedora de games Core Design. A sequência da franquia ficou nas mãos da Crystal Dynamics. Clique aqui para ler a parte V desta série.
Postar um comentário